Belo Horizonte, 27 de novembro de 2024.
Memória festiva de Nossa Senhora das Graças.

Caros confrades e estudantes passionistas,

Espero que esta circular encontre todos com saúde, alegria e esperança. Estamos nos preparando para celebrar no ano de 2025, o Ano Santo Jubilar Ordinário na Igreja. Durantes este tempo, somos convocados a meditar sobre o dom da Esperança. Como afirma São Paulo na Cartas aos Romanos: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Nesse contexto, celebramos com fé e amor, no último mês de outubro em Roma, o 48º Capítulo Geral. A assembleia capitular foi norteada pelo tema “‘Aqui estou, envia-me”: a Paixão de Cristo, fonte da nossa vida e missão”. Ela buscou refletir sobre como, em nossos dias, podemos responder de maneira mais genuína ao nosso carisma, aos nossos anseios e às possibilidades que surgem como inspirações divinas. Somos chamados a esforçar-nos por uma renovação interior e a olharmos para o futuro com esperança, seguindo o nosso apostolado e missão como Passionistas.


O tríptico “fé, esperança e caridade” é o que há de mais essencial na vida cristã (1Cor 13, 13). Na koinonia dessas três virtudes, a esperanças que se relaciona direta e especialmente com o Carisma da Memoria Passionis. Paulo Apóstolo, convida-nos a ser “alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 12). Estamos ancorados no dinamismo da Morte e Ressurreição de Cristo. Da vitória da esperança e da vida sobre a morte e as angústias dos homens de hoje (Gaudium et Spes n.1). O esforço por cultivar o dom da esperança desafia-nos a testemunhar de modo credível e atraente a fé e a Paixão que estampamos em nosso coração.

Durante as suas sessões, o Capítulo Geral dedicou-se a olhar para o presente e para o futuro com esperança e responsabilidade, refletindo quatro vertentes: a nossa “vida interior”; o nosso “sentido de pertença” e fidelidade à nossa vocação; o serviço da “liderança e autoridade”, especialmente na Província e comunidades; e a promoção de “novos ministérios”, que correspondam às necessidades reais da Igreja e da sociedade, mantendo-nos fiéis ao nosso Carisma, e por fim sobre a vitalidade e viabilidade das “Configurações”.

A nossa Vida Interior deve ser o suporte essencial do nosso apostolado e da nossa missão. Como Missionários da Esperança, anunciamos o Mistério Pascal de Cristo, que celebramos cotidianamente na Eucaristia. São Paulo da Cruz, sempre lembrou aos religiosos, sobre a importância do cultivo da Oração e do ‘sagrado deserto interior’ como lugar do encontro com Deus. Não podemos esquecer essa dimensão em nossas vidas. Precisamos sempre buscar oportunidades, tanto na vida pessoal como comunitária, para exercitarmos a nossa espiritualidade.

Um outro ponto importante que já tenho insistido há tempo é o “sentido de pertença” e fidelidade a nossa vocação. Nossa vocação passionista é um dom e tudo que possuímos é nosso. O sentimento de pertença é uma demonstração de uma corresponsabilidade e amor pela nossa Congregação. Estando em nossas comunidades, temos observados várias iniciativas que reforçam esse sentimento de pertencer à Igreja, à Congregação, à Província, à Vida Fraterna.

A liderança e a autoridade não são um privilégio, mas um serviço. No Capítulo Geral, refletimos sobre como suscitar novas lideranças e ao mesmo tempo revitalizar a figura da autoridade em nossas comunidades. De toda forma, cabe-nos lembrar que “a reponsabilidade de criar uma vida comunitária agradável recai principalmente sobre toda a comunidade local” (Regulamentos Gerais n. 8) e nisso todos somos responsáveis e protagonistas de comunhão. Somos responsáveis pela garantia do espírito de pobreza, de simplicidade, de solidão e de oração que caracterizam o nosso carisma e a Vida Religiosa.

Por fim, somos desafiados a nos perguntar sobre novas formas de ministérios apostólicos diante dos desafios dos tempos atuais. Não podemos nos cansar de anunciar a novidade da Cruz de Cristo que é sempre atual. Uma das novas frentes missionárias que nos desafiam é o ambiente digital. Nossa presença deve ser plena e autêntica, de modo que o nosso testemunho nos meios digitais seja sinal visível do Evangelho que anunciamos.

É o Espírito Santo, com a sua presença vivificante e dinâmica que irradia em todos e em cada um de nós a luz da esperança. Portanto, esforcemo-nos por manter acesa em nosso interior a chama da esperança e do amor a Jesus Crucificado, para que assim sejamos revigorados em nossa vida.

Pe. Henrique Evangelista de Oliveira, CP
Superior Provincial