Belo Horizonte, 14 de setembro de 2024
Solenidade da Exaltação da Santa Cruz
Caros irmãos confrades e estudantes passionistas,
“A mim, a imagem dos meus pecados me comove muito mais que essa imagem do Cristo crucificado. Diante dessa imagem do Cristo crucificado eu sou levado a ensoberbecer-me por ver o preço pelo qual Deus me comprou. Diante da imagem dos meus pecados é que eu me apequeno por ver o preço pelo qual eu me vendi. Por ver que Deus me compra com todo o seu sangue, eu sou levado a pensar que eu sou muito, que eu valho muito. Mas quando noto que eu me vendo pelos nadas do mundo, aí eu vejo que eu sou nada. Eu valho nada. Triste ver nossa miséria, mas alegro-me em sua misericórdia. Que sejamos pecadores, mas pecadores em Cristo. Sendo assim, sua misericórdia irá se elevar em cima de nossos pecados, e nós iremos aos céus. E no céu sim, iremos valer”… Com as belas e eloquentes palavras do grande pregador, Padre Antônio Vieira (Sermão da Ascensão), início esta missiva com a alegria de dirigir-me a vós na comemoração do título de nossa Província.
Na liturgia de hoje partimos geograficamente da região do Golfo de Acab, nas proximidades do Mar Vermelho onde o autor sagrado narra a última das lamentações dos hebreus no deserto: a mordedura das serpentes. No Médio Oriente antigo a serpente era relacionada a divindades subterrâneas, sendo um símbolo de morte. Mas a força salvadora do Senhor, fez dela um símbolo de vida, pois “todo que for mordido e olhar para ela ficará curado” (Nm 21,8). “Era penhor de salvação” porque o indivíduo não era curado por aquilo que olhava, “mas só por Vós, Salvador de todos” (Sb 16,6-7).
Na prece Eucarística VII (Reconciliação I) exaltamos o mistério da Cruz de Cristo, onde “Seus braços abertos ‘traçam’ entre o céu e a terra um sinal permanente da aliança”. Por isso o culto dessa solenidade é um culto de ‘latria’, de adoração ao Cristo Jesus, pendente na cruz.
Com o Apóstolo Paulo podemos, entre meio a nossos assombros, sofrimentos e desafios bradar impávidos: “Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à mão direita de Deus, é quem intercede por nós! Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, Nosso Senhor” (Rm 8, 34-35. 37-39).
Por isso, irmãos, celebremos com alegria o mistério da Exaltação, reiterando nossa pertença, nossa comunhão e nossos trabalhos pelo bem de nossa amada Província.
Pe. Henrique Evangelista de Oliveira, CP
Superior Provincial