Barreiro, Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2014

ANO DA VIDA CONSAGRADA

Caros irmãos

Estamos celebrando o Ano da Vida Consagrada. Ano de graça. Não pode ser apenas um Ano de grandes celebrações. Deve ser um tempo favorável para nos dedicarmos a uma profunda reflexão pessoal sobre a própria vocação.

O papa Francisco convida-nos para fazer essa reflexão em três perspectivas:
- "Para o passado, uma memória grata;
- para o futuro, a confiança na fidelidade de Deus;
- para o presente, uma entrega apaixonada à nossa vocação".

Na Carta apostólicaàs pessoas consagradas para proclamação do Ano da Vida Consagrada, o Papa pede: "Consagrados, iluminai o mundo com o vosso testemunho profético e contraacorrente!".

E na Mensagem por ocasião da abertura do Ano da Vida Consagrada (30 de novembro de 2014, o papa Francisco aponta três dimensões):

Primeiro "sendo jubilosos!" "Mostrai a todos que seguir Cristo e pôr em prática o seu Evangelho en-che o vosso coração de felicidade. Contagiai com esta alegria quem se aproxima de vós, e então mui-tas pessoas vos perguntarão a razão e sentirão o desejo de compartilhar convosco a vossa maravilho-sa e entusiasmante aventura evangélica".

"Que entre nós não se vejam rostos tristes, pessoas desgostosas e insatisfeitas, porque «um segui-mento triste é um triste seguimento» (Papa Francisco, Carta apostólica... Ano da VC, II, 1).

O final do ano é o tempo da 'colheita vocacional'. Na visita às comunidades, alguns perguntavam: "Quantos vão entrar neste ano?". Essa pergunta manifesta o interesse e a preocupação pelas voca-ções. Mas lembremos do que o Papa escreve: "Podemos aplicar à vida consagrada aquilo que escrevi na Exortação apostólica Evangelii gaudium, citando uma homilia de Bento XVI: «A Igreja não cres-ce por proselitismo, mas por atração» (n. 14). É verdade! A vida consagrada não cresce, se organi-zarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo" (Papa Fran-cisco, Carta apostólica... Ano da VC, II, 1).

Podemos aplicar à pastoral vocacional o verso do poeta M. Quintana: "o segredo não é correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham".

Depois, "sendo corajosos!" "Quem se sente amado pelo Senhor sabe que pode repor n'Ele a sua ple-na confiança. Assim fizeram os vossos Fundadores e Fundadoras, abrindo novos caminhos de servi-ço ao Reino de Deus. Com a força do Espírito Santo que vos acompanha, ide pelas estradas do mundo e mostrai o poder inovador do Evangelho que, se posto em ação, realiza também hoje mara-vilhas e pode dar resposta a todas as interrogações do homem".

Enfim, "sendo homens de comunhão!" "Bem enraizados na comunhão pessoal com Deus, que esco-lhestes como o porro unum (cf. Lc 10, 42) da vossa existência, sede construtores incansáveis de fra-ternidade, praticando sobretudo entre vós a lei evangélica do amor recíproco, e também com todos, especialmente com os mais pobres. Mostrai que a fraternidade universal não é uma utopia, mas o próprio sonho de Jesus para a humanidade inteira".

"A pergunta que somos chamados a nos pôr neste Ano é: como nos deixamos interpelar pelo Evan-gelho; se este é verdadeiramente o «vademecum» para a vida de cada dia e para as opções que so-mos chamados a fazer. Isto é exigente e pede para ser vivido com radicalismo e sinceridade. Não basta lê-lo (e no entanto a leitura e o estudo permanecem de extrema importância), nem basta medi-tá-lo (e fazemo-lo com alegria todos os dias); Jesus pede-nos para pô-lo em prática, para viver as suas palavras".

Jesus - devemos perguntar-nos ainda - "é verdadeiramente o nosso primeiro e o único amor, como nos propusemos quando professamos os nossos votos? Só em caso afirmativo, poderemos - como é nosso dever - amar verdadeira e misericordiosamente cada pessoa que encontramos no nosso cami-nho, porque teremos aprendido d’Ele o que é o amor e como amar: saberemos amar, porque teremos o seu próprio coração" (Papa Francisco, Carta apostólica... Ano da VC, I, 2).

Giovanni Cipriani
Superior provincial