Belo Horizonte, 12 de junho de 2017

150 ANOS DA CANONIZAÇÃO DE SÃO PAULO DA CRUZ
1867 -> 29 de junho 2017

“Vos deixo e vos fico esperando a todos no céu”
(Paulo da Cruz, Testamento espiritual)

“Eu vos deixo e vos fico esperando a todos no céu, onde sempre rezarei pelo Sumo Pontífice, pela santa Igreja, que tanto amo, e por toda a Congregação, pelos seus benfeitores e por todas as pessoas pelas quais sei que devo rezar. A todos, quer presentes quer ausentes e futuros, deixo-vos a minha bênção”.

Queridos irmãos, estamos celebrando os 150 anos de canonização do nosso santo fundador, Paulo da Cruz. É uma oportunidade para agradecer a Deus pela vida e pela santidade do nosso Fundador, e pelo carisma que, mediante ele, è presente na Igreja.

O Superior geral, Pe. Joachim Rego, na Carta de 25 de março, escreve que o “aniversário da canonização dos 150 anos do nosso Fundador é uma grande oportunidade para redescobrir e ter grande cuidado para com o dom de Deus feito à Igreja na pessoa e na espiritualidade de Paulo da Cruz”.

“E retoma uma pergunta que o Pe. Theodore Foley colocou na Carta que ele escreveu em 1967, celebrando os 100 anos da canonização: «O passionista hoje vive de maneira profunda sua conformação ao Cristo morto-ressuscitado, como era para nosso Fundador? A vida de Jesus se torna visível ao mundo na vida dos seguidores da Cruz?»” (Joachim)

A resposta a essa pergunta é o nosso exame de consciência.

Roma, 29 de junho de 1867
Crônica de um dia

“Aquele 29 de junho de 1867 foi muito especial, uma vez que se celebrava o XVIII centenário do martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

A afluência de peregrinos foi notável e a Basílica de São Pedro estava cheia de gente: estavam presentes 500 bispos, 14.000 sacerdotes e 130.000 peregrinos distribuídos entre a Basílica e a Praça São Pedro. O Papa Pio IX já a partir de sete horas da manhã desceu para a capela do papa Sisto IV vestido com vestes sagradas, e cantou o hino ‘Ave Maris Stella’.

A procissão foi esplêndida e solene: foi aberta pelos alunos da Pia Casa dos órfãos, seguidos das famílias religiosas das Ordens mendicantes, das várias Ordens monásticas e dos Canônicos Regulares. Após a Cruz do Clero secular, estavam os estudantes do Pontifício Seminário Romano, o Colégio dos Párocos, e, em seguida, os Capítulos de todas as igrejas colegiadas, os das Basílicas e os das três Patriarcais, etc.; em seguida, os Procuradores e os Advogados das causas dos Bem-aventurados e dos Santos. Logo atrás deles estavam os estandartes dos Beatos a serem canonizados.

O estandarte de São Paulo da Cruz foi levado pelos membros da Arciconfraria do SS. Sacramento da basílica de São Pedro. As telas que descreviam os dois milagres aprovados para a canonização foram pintadas pelo artista Francesco Grandi.

A procissão continuava com os membros da Capela Pontifícia. Seguia o Papa na cadeira gestatória. A procissão terminava com os Prelados: Auditor geral e Tesoureiro da Câmara Apostólica;, com o Monsenhor Mordomo, os Protonotários apostólicos e os Superiores gerais das Ordens religiosas.

A solene procissão, saída da colunata de esquerda da Praça São Pedro, atravessou a praça toda e entrou na Basílica. Naquela liturgia sagrada estavam também presentes o rei das Duas Sicílias (Due Sicilie), Francesco II, e uma das filhas do rei do Portugal, dona Isabella Maria.

Naquele dia houve 25 canonizações, incluindo a de São Leonardo de Porto Maurizio, frade Menor franciscano, conhecido pessoalmente por São Paulo da Cruz.

Nos meses após a Canonização, o Superior geral, Pe. Pedro Paulo Cayro, empenhou-se para colocar a estátua de São Paulo da Cruz, na Basílica de São Pedro, mas, mesmo que o contrato foi estipulado no dia 17 de agosto de 1867, a efetiva colocação ocorreu somente alguns anos mais tarde, em 1876.

cc-24-1.JPGImagem de São Paulo da Cruz que está na basílica de São Pedro, no lado direito do Baldaquino (altar) do Bernini, onde celebra o Papa. Uma réplica dela está na entrada da casa provincial, no Barreiro, trazida pelo Pe. Giovanni Cipriani em 2008 para o santuário Sã Paulo da Cruz.

Em 14 de janeiro de 1869, Pio IX, com um decreto, fixou a data da festa de São Paulo da Cruz em 28 de abril para toda a Igreja universal; podia ser precedida por uma novena em vez de um tríduo como havia sido feito até então. Para o Superior geral, Pe. Pedro Paulo Cayro, esta era “uma preciosa graça, cumprimento de todas as outras que rendiam honra para a pobre Congregação”, como es-crevia aos religiosos em sua Circular do dia 10 de Março de 1869.

Essa preciosa graça foi sempre maior na história da Congregação com a inscrição no ‘Livro dos Santos’ de vários filhos de São Paulo da Cruz” (BIP nº 41, pág. 16).

A festa litúrgica de São Paulo da Cruz manteve-se na data 28 de abril até 1973, quando a Sagrada Congregação para o Culto Divino aprovou o novo calendário da Congregação passionista, revisto com base na renovação do Calendário universal da Igreja, desejada pelo Concílio Vaticano II. Assim, a primeira vez que se celebrou a festa de São Paulo da Cruz em 19 de outubro, foi em 1973.

A data de 19 de outubro e não de 18, é devido ao fato de que o dia 18 se celebra a festa do evangelista São Lucas. Mas nós Passionistas podemos celebrar as primeiras Vésperas de São Paulo da Cruz com a leitura do ‘Testamento espiritual’ do Fundador.

Em alguns conventos fundados por São Paulo da Cruz - como os de Ceccano, Falvaterra e Paliano - a festa popular continua sendo celebrada no dia 28 de abril ou no domingo mais próximo. A todos o meu agradecimento e abraço fraterno.

Pe. Giovanni Cipriani
Superior provincial