Belo Horizonte, 14 de setembro de 2019

Exaltação da Santa Cruz
Festa da Exaltação da Santa Cruz
Título da nossa Província

Queridos irmãos,

Celebrando o ‘onomástico’ da Província, desejo para mim e para vocês, viver a experiência do nosso Fundador, São Paulo da Cruz: “A Paixão de Cristo é a obra mais estupenda do amor de Deus para comigo”, e do apóstolo Paulo: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo” (Gal 6,14).

Significado da festa da Exaltação da Santa Cruz

Santo André de Creta nos explica o significado da festa da Exaltação da Santa Cruz: “Celebramos a festa da cruz; por ela as trevas são repelidas e volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o Crucificado somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão imenso valor que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão tesouro aquilo que há de mais belo entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama.

cc40-1.JPGNele, por ele e para ele, reside toda a nossa salvação, e é restituída ao seu estado original. Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo.

Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.

É, portanto, grande e preciosa a cruz... Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida...

É chamada ainda de glória de Cristo, e dita a exaltação de Cristo. Vemo-la como o cálice desejável e o termo dos sofrimentos que Cristo suportou por nós. Que a cruz seja a glória de Cristo, escuta o que Ele fala: Agora, o Filho do homem é glorificado e nele Deus é glorificado e logo o glorificará (Jo 13,31-32). E de novo: Glorifica-me tu, Pai, com a glória que tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5). E repete: Pai, glorifica teu nome. Desceu então do céu uma voz: Glorifiquei-o e tornarei a glorificar (Jo 12,28), indican¬do aquela glória que então alcançou na cruz. Que ainda a cruz seja a exaltação de Cristo, escuta o que ele próprio diz: Quando eu for exaltado, atrairei então todos a mim (cf. Jo 12,32). Bem vês que a cruz é a glória e a exaltação de Cristo” [1].

Como celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz

Escutemos o nosso Fundador. “Só celebram bem a festa da Cruz a toda a hora, no seu templo interior, os verdadeiros amantes do Crucificado. Como?... Celebra-se esta festa espiritualmente no sofrimento silencioso, sem o apoio de ninguém; mas, como as festas se devem celebrar com alegria, é por isso que a festa da Cruz, para os amantes do Crucificado, se celebra sofrendo e calando, de semblante alegre e sereno, de tal modo que ela seja mais escondida à vista dos homens, para ser mais manifesta aos olhos de Deus.

cc40-2.JPGPor causa desta celebração, faz-se sempre uma refeição melhorada, porque nos alimentamos da vontade divina, a exemplo do nosso Amor crucificado. Oh, que doce alimento! Ele é preparado de diversas maneiras: ora com sofrimentos corporais e espirituais, ora com contrariedades, ora com calúnias e desprezos das pessoas. Oh, como é suave ao paladar do espírito para aqueles que o saboreiam com fé pura e amor santo, em silêncio e esperança!

Quando tomar nas suas mãos o Crucifixo para beijá-lo e enchê-lo de santos afetos, logo que tenha terminado a sua oração, abandone-se imediatamente no mar imenso do amor divino, entrando pela porta do Coração puríssimo de Jesus, com fé pura, sem imagens; logo a seguir, feche-se totalmente nesse grande Santo dos Santos e aí perca-se completamente no oceano sem fundo da infinita caridade de Deus, elevando-se à contemplação das infinitas grandezas, encantos e riquezas, do Sumo Bem, comprazendo-se n’Ele, deixando-se arder nesse grande fogo como uma gota de cera e cobrindo-se com esse ramalhete de aromas que são os sofrimentos, de Jesus. Aí, deixe-se arder completamente, e se reduzir a cinzas como uma vítima de holocausto...

É preciso permanecer na cruz com profunda tranquilidade e paz de espírito; e isto consegue-se com um total alheamento das satis¬fações exteriores das criaturas, continuando aquela prática das virtudes já referidas, isto é, a solidão interior e exterior, que gera maior recolhimento, do qual nasce a humil-dade, o silêncio, a paciência e a caridade”. [2]

Deus exaltou Cristo porque Ele se tornou humano

“Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, existindo em forma divina, não considerou um privilegio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano. E encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fil 2,6-9).

cc40-3.JPGEm Jesus, o divino é revelado pelo humano: «Ao ver que havia expirado desse modo, o centurião que estava diante dele disse: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!”» (Mc 15,39).

Por isso, “não se pode amar a divindade de Cristo, sem amar primeiro a sua humanidade”, escreve, com luminosa intuição, Heidewick de Anversa.

Dizer que Jesus se tornou “semelhante ao ser humano”, não significa dizer apenas que Ele se tornou um da ‘espécie humana’, mas que Ele assumiu a humanidade corrupta do homem para reconduzi-la à sua origem, uma humanidade criada a “imagem e semelhança” de Deus (Gn 1,26-27).

Jesus, “Filho do homem”. “Essa afirmação misteriosa é o título que Jesus usa com mais frequência quando fala de si mesmo. Somente no evangelho de Marcos a expressão ‘Filho do homem’ aparece quatorze vezes”. [3]

Contemplar Jesus como ‘Filho do Homem’ nos ajuda a entender sua humanidade, sua maneira de se relacionar com as pessoas e com a natureza: crianças, amigos, mulheres, amigos e inimigos, sol, vento, passarinhos, flores, pão e vinho, etc. É a partir de sua humanidade que podemos entender seu modo de ter medo, de ter coragem, sua dor física e existencial, seu amor e abandono pelos amigos.

A humanidade de Jesus, porém, pode até escandalizar. É isso que aconteceu com os habitantes de Nazaré. Para eles Jesus era somente “o filho do carpinteiro’’ (Mt 13,55). De fato, Jesus cresceu na oficina de um carpinteiro, as suas mãos se tornaram fortes de tanto manusear as ferramentas.
E os nazarenos pensavam: ‘o Filho de Deus não pode ser desse modo, com mãos de carpinteiro, com as dificuldades de todos. Não há nada de sublime, nada de divino nele...’.

Eles não admitiam um Deus tão humano assim, e ficavam escandalizados: “escandalizavam-se por causa dele” (Mt 13,57).

A humanidade de Jesus escandaliza. Um Deus tão próximo assim não é possível entender! Mas esta é a boa notícia do evangelho: Deus tem um rosto humano, o Verbo (2ª pessoa da SS. Trindade) tem a forma de um corpo.

Nós procuramos Deus nas alturas do céu, mas Ele aparece ajoelhado por terra, aos nossos pés, com uma bacia de água e uma toalha na cintura. Este é o nosso Deus. Um Deus do ‘cotidiano’, um Deus em tudo igual a nós, menos no pecado (cfr. Eb 4,5). Mesmo sem pecado, ele carregou sobre si mes-mo os nossos pecados. Ele se tornou pecado (cfr. 2Cor 5,21)! É o que diz o apóstolo Paulo, que o conhecia muito bem. E Jesus vai diante de nós sempre, e quando passamos por alguma cruz, Ele já passou antes.

A humanidade de Jesus em Paulo da Cruz

Para o nosso Fundador, imitar a humanidade de Cristo é o único caminho para alcançar a contemplação divina: «não se pode passar à contemplação da imensa divindade sem entrar pela porta da humanidade divina do Salvador» (I, 289). Por essa razão, ele aconselha a levar sempre na oração algum mistério da paixão de Jesus: «a recordação dos sofrimentos de Jesus, juntamente com a imitação de suas virtudes, nunca deve ser abandonada» (Cartas, II, 166). [4]

É no retiro de Castellazzo, que Paulo da Cruz experimenta a união com a humanidade de Cristo, que o leva ao encontro com sua divindade: «Também tinha consciência da alma unida com um vínculo de amor à Santíssima Humanidade, e ao mesmo tempo fundida e elevada ao mais alto e sensível conhecimento da Divindade, porque, sendo Jesus Deus e Homem, não pode a alma estar unida com amor à Santíssima Humanidade e nela mergulhada sem ser, ao mesmo tempo, elevada a um altíssimo e sensível conhecimento da Divindade» [5] (Cartas, I, 21).

Jesus, na cruz, manifesta toda sua humanidade, nas suas limitações e fragilidades. E o nosso Fundador, a exemplo de Paulo apóstolo, convida-nos a nos aproximar da humanidade de Jesus para aprender suas virtudes.

cc40-4.JPG“Aquele que deseja ser santo tem de seguir fielmente o exemplo de Jesus Cristo... suplico-lhes que desfrutem dessa ciência, que o Divino Mestre vos ensina na escola da sua Santíssima Paixão...” (Cartas).

“Nesta Escola Divina, deve-se gostar de ser humilde, amante da própria pequenez e aprender a sofrer em silêncio, mas com esperança...” (Cartas).

“É preciso propagar a Paixão de Cristo, para que todos aprendam a ciência do Amor Divino, pois na Paixão de Cristo, não há erro, nem engano. Quem se aconselha com o Crucificado jamais será enganado!” (Cartas).

“Contemplar Jesus Sofredor é o caminho mais seguro para a salvação, pois o Crucifixo é o livro onde se aprendem todas as virtudes e a ciência dos santos” (Cartas).

Jesus na cruz apresenta uma humanidade purificada do egoísmo e redimida pelo amor. Uma humanidade que é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), por isso, suas palavras e seus gestos humanos revelam o ‘divino’. Quando Deus ama, Ele ama com gestos humanos. Quando o homem ama, ele cumpre gestos divinos.

Disso, está convencido São Paulo da Cruz: para “aprender as virtudes e a ciência dos santos, temos que contemplar Jesus na Cruz”. É contemplando e imitando a humanidade de Jesus que nós nos tornamos mais humanos e ‘divinos’, mais santos. [6]

Jesus na cruz, exemplo de novo humanismo

«Quanta dor eu vi na Cruz,
Quanto amor eu vi na Cruz,
Que surpresa ao Ver-Te perdoar quem Te feria,
Quanta admiração ao Ver-Te em meio ao sofrimento,
consolar o bom ladrão prometendo-lhe a salvação». [7]

Papa Francisco no prefácio do livro “A irrupção dos Movimentos Populares: Rerum novarum do nosso tempo”, [8] que reúne as reflexões sobre o trabalho de milhares de associações sociais, que lutam por um estilo de desenvolvimento justo e inclusivo, clama por um ‘novo humanismo’.

O exemplo desse ‘novo humanismo’ é Cristo crucificado. Novo humanismo significa nova maneira de viver e de se relacionar, baseado na fraternidade, na acolhida, no amor e na compaixão. E Jesus, na cruz, nos dá o exemplo.

Diante de uma sociedade violenta e injusta, não precisamos de leis mais repressivas ou construir novos presídios. Precisamos olhar para o Crucificado, o exemplo mais significativo e profundo de humanismo. É o humanismo da não violência’, da misericórdia e do amor.

cc40-5.JPGJesus na cruz é o rosto verdadeiramente humano. Não basta fazer parte da espécie humana para se dizer ‘humano’. Quantas pessoas ‘des-humanas’ ou ‘a-humanas" existem! Pessoas que não têm humanidade. [9] Não podemos chamar ‘humana’ uma pessoa que mata por roubo, droga, sexo etc. Podemos chamar ‘humana’ uma pessoa que abusa sexualmente e/ou mata uma criança?

E para ‘re-educar’ essas pessoas à humanidade, não bastam leis mais repressivas. O nosso Fundador sugere o que ele experimentou na pregação e nas missões populares: “A paixão de Jesus é o remédio mais eficaz contra todos os males”.

Jesus, na cruz, sofre e morre como homem, não como Deus. E como homem Ele é único, é maravilhoso. Se queremos entender como o homem deve ser e, portanto, criar um novo humanismo, deve-mos começar com Jesus de Nazaré. Um homem extraordinário, que é um exemplo para nós. Ele se define ‘Filho do Homem’ [10] e ‘Filho de Deus’, pois, Ele é ‘verdadeiro Deus’ e ‘verdadeiro homem’.

Jesus manifesta o novo humanismo não nos milagres, mas na cruz, no seu último suspiro. Suas ‘sete palavras’ na cruz são o testemunho do novo humanismo. [11] Diante do insulto, abandono e escárnio, Ele sabe pronunciar palavras como: “Pai, perdoa-lhes!”, “Hoje...”, “Mulher...”.

“Pai, perdoa-lhes!” (Lc 23,34). A primeira palavra é de compreensão da fragilidade humana: “Eles não sabem o que fazem!”. [12] É lindo o perdão! Não o poder ou a justiça diante do erro do outro, mas o perdão. Jesus vai além da justiça.

Perdoar não significa minimizar ou negar o mal que recebemos, não significa esquecê-lo ou negá-lo. O perdão é graça. É uma planta que floresce e cresce apenas em um coração ‘humano’, iluminado pela graça de Deus.

“Hoje...” (Lc 23,43). Na Paixão e na Cruz nunca encontramos uma palavra de vingança, um gesto de violência. A demonstração é a palavra ao ladrão: “Hoje ...”. “Hoje, não daqui a 10 anos. Jesus não lhe pergunta: “quem é você... o que você fez... porque você está na cruz...”, etc. Jesus não lhe pergunta nada, não lhe faz um discurso teológico ou moralista. Mas somente uma palavra extraordinária de compreensão, de bondade, de misericórdia. Quanta humanidade! Somente uma pessoa profun-damente humana, pode entender a humanidade, a fragilidade e o pecado do outro.

“Mulher...” (Jo 19,26.27). Até seu último suspiro, Jesus se preocupa de nós. “Eis teu filho...”. Não é uma rejeição da mãe, nem uma preocupação para a mãe. Jesus quer dizer a Maria, sua mãe: eu subo ao céu e tu agora serás a mãe de todos, de todos os outros, teu papel é ser a mãe da humanidade. E a João: ‘Eis tua mãe’, por assim dizer: lembre-te de que ela não é apenas minha mãe, ela também é tua mãe, ela é a mãe de todos os homens e de todas as mulheres de todo o tempo.

É a passagem da dimensão individual para a dimensão universal do amor. É uma grande mensagem para nós. O amor entre duas pessoas, mãe e filho, se torna amor coletivo. É a dimensão comunitária do amor.

“O discípulo a acolheu em sua casa”. Esta simples frase tem mais de um significado. Antes de tudo, a casa de João, onde Maria entra, não é apenas uma acomodação material, é também seu coração. A expressão grega traduzida como “em sua casa” sugere mais do que uma habitação material.

Mas a frase tem também um significado mais profundo: desde o dia da Cruz, a Igreja tem uma mãe. E aqui se esconde um grande mistério.

A Virgem Maria, Mae das Dores junto à cruz, interceda por nós para que nos tornemos sempre mais humanos.

A EXPERIÊNCIA DE APARECIDA

cc40-6.JPGA experiência do Retiro e da Assembleia no Santuário Nacional de Aparecida do Norte (Final de julho - início de agosto), marcou nossa vida pessoal e a vida da Província pelas decisões tomadas.

Hoje, sentimos que temos uma pertença maior, estamos mais em sintonia com a caminhada da Congregação e da Igreja. Essa sintonia nos ajuda a projetar o caminho da Província.

Aparecida foi uma experiência de alegria e de fraternidade. É isso que perceberam os nossos jovens em formação. A alegria e a fraternidade são os justos interpretes da Vida Religiosa.

Pegando carona nas palavras de Urs von Balthasar, podemos dizer que o justo intérprete da Vida Religiosa Consagrada é o amor fraterno de pessoas cujo modo de vida fazem transparecer que ser Religioso “não é acorrentar a própria humanidade, a corporeidade, a vitalidade, a beleza, a espontaneidade, mas, ao contrário, deixá-la explodir em sua plenitude”. E o monge F. Mosconi, ao comentar a primeira carta de Pedro, dizia: “Santidade significa construir a própria maturidade humana como Deus a sonha, olhando para o Filho”.

Agradeço a cada irmão pelo testemunho de alegria e de fraternidade.

“Quanto mais a pessoa esquecer de si mesma, mais humana será e mais se realizará,
a autorrealização só é possível como um efeito colateral da autotranscedência”
(Victor E. Frankl).

 

Pe. Giovanni Cipriani
Superior provincial

 

1. SANTO ANDRÉ DE CRETA, Sermões, Oratio 10 in Exaltatione santæ crucis: PG 1018-1019 (Séc. VIII). Ofício das Leitu-ras, dia 14 de setembro.
2. Paulo da Cruz, Cartas 2, 825; 1, 275. 277. Cfr.: Próprio da Congregaçao da Paixão, Ofício das Leituras, dia 14 de setembro, Exaltação d Santa Cruz.
3. JOSEPH RATZINGER – BENEDETTO XVI, Gesù di Nazaret, Vol. 2, Libreria Editrice Vaticana, 2007, pp. 369-370.
4. PAUL FRANCIS SPENCER CP, ‘San Pablo de la Cruz y la Pasión de Cristo’, em L. D. MERINO - R. RYAN - A. LPPI, ‘Pasión de Jesucristo, Ed. San Pablo, Madrid, 2015.
5. IDEM.
6. Papa Bento XVI diria ‘mais Igreja’. “Todos os quatro evangelistas nos falam sobre as horas do sofrimento de Jesus na cruz e sua morte. O particular dessas narrações é que elas são cheias de alusões ao Antigo Testamento e citações dele... Por trás dessa maneira particular de contar, está um processo de aprendizagem, que a Igreja nascente percorreu e que foi essencial para ela se formar. Em um primeiro momento, a morte de Jesus na cruz foi simplesmente um fato irracional, que questionou todo o seu anúncio e toda a sua figura. A narração dos discípulos de Emaús (cfr Lc 24,13-35) descreve o caminho feito junto, a conversa na busca comum, como um processo no qual as trevas da alma se ilu-minam lentamente graças ao acompanhamento de Jesus (cfr v. 15)... O que aqui é resumido em uma grande conversa de Jesus com dois discípulos era, na Igreja nascente, um processo de pesquisa e amadurecimento” (cfr. JOSEPH RATZINGER - BENEDETTO XVI, Gesù di Nazaret. Dall’ingresso in Gerusalemme fino alla risurrezione, Libreria Editrice Vaticana, 2011, pp. 227-228).
7. ‘Na Cruz’, Letras e música da Irmã Kelly Patrícia.
8. Edição preparada pela Pontifícia Comissão para a América Latina.
9. Às vezes encontramos mais ‘humanidade’ na natureza. Alguns dias atrás, me chamou atenção o gesto de uns passa-rinhos. Numa árvore ao lado da casa provincial, um passarinho ficou, por três dias, preso numa ‘linha de pipa’. Outros passarinhos tentavam liberá-lo bicando a linha, não conseguindo, levavam até ele comida para alimentá-lo diretamen-te no bico. Até que o Pe. Aurélio o liberou.
10. “Figlio dell’uomo – questa misteriosa affermazione è il titolo che Gesù usa più frequentemente quando parla de sé. Solo nel Vangelo di Marco l’espressione «Figlio dell’uomo» compare quattordici volte” (JOSEPH RATZINGER – BENEDETTO XVI, Gesù di Nazaret, Vol. 2, Libreria Editrice Vaticana, 2007, pp. 369-370.
11. Nós falamos de ‘sete palavras’, mesmo sendo frases. ‘Palavra’ no sentido de ‘mensagem’. Podemos dizer: as sete mensagens de Jesus na cruz’.
12. Sobre essa ‘ignorância’, cfr.: JOSEPH RATZINGER – BENEDETTO XVI, Gesù di Nazaret. Dall’ingresso in Gerusalemme fino alla risurrezione, Vol. 3, Libreria Editrice Vaticana, 2011, p. 231-233.