As Palavras do Jubileu: GRATIDÃO
12/06/2021

Fonte: Passionistas de Portugal

A primeira das três palavras do nosso logotipo jubilar leva-nos diretamente ao coração do nosso carisma de Passionistas, cujo conteúdo definimos numa sintética expressão do latim: “Memoria Passionis” que significa “Memória da Paixão de Cristo”. Definimos voluntariamente o conteúdo deste carisma com a expressão “Memoria Passionis” porque Memória e Paixão estão ligadas uma à outra por uma relação profunda. O bispo francês Jean-Baptiste Massillon, um contemporâneo do nosso fundador, formulou este pensamento: “A gratidão é a memória do coração”.

Até S. Paulo da Cruz falou do nosso voto específico como a “grata memória da paixão e morte de Jesus Cristo nosso Senhor'. A gratidão deriva da memória do amor crucificado do nosso Redentor, graças ao qual nos foi dada a salvação. Numa oração da tradição da Sexta-feira recitamos: “Agradeço-te, Senhor Jesus Cristo, por teres morrido por mim: não deixes que o teu sangue e as tristezas que sofreste por mim se percam'.

Uma memória grata da Paixão de Cristo é o coração do nosso carisma, através do qual encontramos o nosso lugar na Igreja. “Que a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre no nosso coração!” Esta saudação da nossa Congregação, que vem do próprio S. Paulo da Cruz, contém também a atitude de gratidão. A gratidão deve estar sempre, por assim dizer, escrita no coração dos Passionistas. Coração e cruz, unidos com o santo nome de Jesus, formam a base do símbolo que nós passionistas usamos no nosso hábito. É, de certa forma, uma “marca registada” através da qual um Passionista pode ser reconhecido exteriormente.

Este sinal (emblema passionista) no nosso peito é um apelo contínuo a interiorizar o Mistério da Paixão e Morte de nosso Senhor Jesus Cristo e, através desta memória do coração, a fazer crescer em nós uma profunda gratidão. O reconhecimento cheio de gratidão do amor salvífico de Cristo na sua paixão pela Redenção do mundo impele-nos definitivamente a proclamar o Evangelho da Paixão como uma mensagem alegre e como um convite à gratidão.

Depois de tudo o que dissemos até agora, é evidente que a vocação passionista envolve sempre um chamamento à gratidão. No fundo de cada ser humano, é fundamental conceber toda a sua existência como “gratuitidade”. Nada é certo. Nunca devemos deixar de ficar surpreendidos e gratos pelos muitos grandes e pequenos milagres de Deus na nossa vida quotidiana.

Ao celebrar o 300º aniversário da fundação da Congregação, é importante agradecer ao Senhor o carisma de S. Paulo da Cruz, a nossa vocação pessoal como Religiosos Passionistas e todo o bem que os nossos irmãos conseguiram realizar no mundo. Regozijamo-nos com esta rica colheita, da qual os nossos muitos santos e abençoados já dão testemunho. Queremos olhar com gratidão também para o futuro. Ao mesmo tempo, é necessário ser realista e consciente dos problemas da Igreja e do mundo. Graças à fé, sabemos que Deus quer o bem para nós e que Ele nos prepara para acolher esse bem, desde que sigamos a Sua vontade. Por esta razão, olhamos para o futuro com uma confiança cheia de gratidão, porque como dizia o apóstolo S. Paulo, “sabemos em quem acreditamos”.